
Rede segura do governo vai usar faixa do 4G e bane Huawei como fornecedor
Na guerra comercial entre Estados Unidos e China, o Brasil buscou um caminho do meio. Como reforçado pelo ministro das Comunicações Fabio Faria nesta sexta, 26/2, a decisão foi não intervir nas decisões das operadoras brasileiras sobre a rede comercial do 5G. Mas o governo vai adotar uma rede “segura” de comunicações, na qual só podem ser usados equipamentos de empresas com ações na Bolsa de Valores do Brasil.
“Na rede privativa temos exigência de acordo com o mercado acionário brasileiro. Isso já está precificado. Alguns países usam a mesma coisa. Temos que preservar nossas informações sensíveis e tirar a ideia que estão espionando o governo brasileiro. Então a gente resolveu limpar toda a comunicação segura”, afirmou Faria ao participar de coletiva de imprensa sobre o edital do 5G, recém aprovado pela Anatel.
No entendimento do Ministério das Comunicações, a restrição está na Portaria 1.924, quando prevê que devem ser “utilizados equipamentos projetados, desenvolvidos, fabricados ou fornecidos por empresas que observem padrões de governança corporativa compatíveis com os exigidos no mercado acionário brasileiro. Significa que fabricantes de equipamentos ações com ações no Brasil, como é o caso da Ericsson e da Nokia, estão no jogo. A Huawei, não.
Já na rede comercial, não há restrições. As operadoras usarão os equipamentos que quiserem. "O resto a gente tem que deixar para o livre mercado. O governo Bolsonaro é um governo liberal que deixa o próprio mercado se resolver. Não seria justo, vendo o lado liberal, que a gente pudesse fazer uma interferência em todo o país", completou o ministro das Comunicações.
O Minicom informou à Anatel que o leilão do 5G deve prever até R$ 1 bilhão para construção dessa rede privativa. Mas no que diz respeito à parte da rede móvel incluída no projeto, serão usados os 5+5 MHz na faixa de 700 MHz que já foram destinados, ainda no leilão do 4G, para aplicações de segurança pública.
De acordo com o conselheiro da Anatel Carlos Baigorri, relator da versão final do edital do 5G, além da rede móvel a ser instalada na capital federal, o projeto inclui uma rede fixa nacional. “Como é com a faixa de 700 MHz, imagino que vai ser uma rede 4G privativa de governo. E depois tem a rede fixa que vai interconectar entre 6 mil ou 8 mil estações, órgãos, prédios da administração pública para criar uma rede privativa, uma grande intranet do governo federal. E teria camada de aplicações de criptografia sobre essas redes”, explicou.